Walter Benjamin.

“… o estudantado seria considerado em sua função criativa, como grande transformador, cuja missão seria converter em questões científicas, através de um posicionamento filosófico, as idéias que costuma despertar antes na arte e na vida social que na ciência.”
Walter Benjamin. “A Criança, o Brinquedo, a Educação”. Summus editorial, 1984, pg. 37

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Madeleine Davis

“Dê uma grande importância à capacidade de brincar da criança. (…) O brincar mostra que esta criança é capaz, dada uma vizinhança razoavelmente boa e estável, de desenvolver um modo pessoal de vida e, finalmente, de vir a ser um ser humano total, desejado como tal e aceito pelo mundo em geral”.
Madeleine Davis. “Limite e Espaço: uma introdução à obra de D.W. Winnicott”. Rio de Janeiro: Imago, 1982, pg. 75.

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Friedrich W. Nietzsche

“Nós inventamos a idéia do fim; na realidade não existe o fim… Somos necessários , somos um fragmento do destino, formamos parte do todo, estamos no todo; não há nada que possa julgar , medir, comparar e condenar nossa existência , pois isto eqüivaleria a julgar , medir comparar e condenar o todo. E não há nada fora do todo ! Nada pode ser responsabilizado : as categorias do ser não podem ser referidas a uma causa primeira , o mundo não é uma unidade , nem como mundo sensível , nem como inteligência ; apenas esta é a grande redenção , deste modo a inocência do devir fica restaurada .”
Friedrich W. Nietzsche. “O crepúsculo dos ídolos ou a filosofia a golpes de martelo”. São Paulo, Hemus, pgs. 47 e 48

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Ética e Totalitarismo: 20ª sessão do Clube de Ideias

Professores associados: Jáder, Machado, Vladimir, Teixeira, Figueiredo e Veloso.

Após um grande intervalo voltamos a nos encontrar, perturbados pelo encerramento do bimestre escolar.

O professor Veloso afirma que é uma inutilidade a aplicação de provas, exames, porque os resultados são desanimadores. Já o professor Figueiredo não vê outra forma de realmente constatar se o aluno domina conceitos, a língua e etc. Formas alternativas de avaliação são aplicadas, constata o professor Vladimir, porém o que se avalia é o domínio de outras competências e habilidades, que a tradicional prova não o faz. Ocorre que, a verdade, sobre se você domina ou não conceitos, linguagens elaboradas, se faz ali no preto no branco da prova, afirma Figueiredo

Todos os dias constatamos a formação de um estado eminentemente autoritário ou de uma sociedade autoritária, afirma Machado, mudando o rumo da conversa.

A sociedade clama por leis de Talião, por restrições a liberdade individual, como forma de solução para problemas do cotidiano. Isso ocorre no trânsito, em relação a fumar, as passagens dos congressistas. Mas estes mecanismos salvaguardam os interesses da população, interfere Vladimir.

Veja, diz Machado, as leis de trânsito devem existir é claro, mas o comportamento no trânsito não deve funcionar porque a lei quer, mas porque o cidadão é consciente, dessa forma ele não precisa de uma lei que determine que ele não deva dirigir porque bebeu, porque ele tem a consciência de que exageros com o álcool levam a acidentes no trânsito. Ou ainda, o congresso, o deputado por uma questão de ética não deveria fazer mal uso de certos mecanismos que facilitam a atividade parlamentar (passagens aéreas). Não seria necessário criar uma lei para isso. A ética definiria tal atitude.

Mas não vivemos num mundo ético, caro Machado, diz Figueiredo, daí a necessidade da lei, que e deve ser implacável, dura lex, sed lex.

Mas este é o ponto, diz Machado. Abrimos o campo para nos submetermos à lei, ao estado, e perdemos a autonomia. Logo as pessoas vão se dar conta que as leis não dão conta e que é preciso mais. O parlamento não da conta, precisamos mais. Do que precisamos? Do totalitarismo.

De fato o Vladimir tem razão, afirma o professor Teixeira. Os sintomas estão ai presentes, a ausência de memória, a ameaça de novos genocídios, a falta de autonomia dos educadores, a submissão a líderes políticos carismáticos, lideranças religiosas fundamentalistas, enfim é um quadro preocupante.
Preocupante, mas o nosso jardim epicurista resiste.

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“Viva Zapata”, Elia Kazan: 19ª Sessão do Clube de Ideias

Professores associados: Jáder, Machado, Vladimir, Teixeira, Figueiredo e Veloso.

Viva Zapata!

Mais uma vez nos debruçamos sobre o México apreciando um belo charuto Montecristo. A revolução mexicana de 1910 foi objeto da nossa discussão, após assistirmos ao filme “Viva Zapata!” de Elia Kazan de 1952, com roteiro de John Steinbeck.

Marlon Brando transformado em mexicano é o protagonista. O filme conta também com a bela atuação de Anthony Quinn, como general e irmão de Zapata (Brando). O professor Teixeira lembra que o filme é quase didático na abordagem da Revolução mexicana, mas não deixa de ser a visão de “Holiude”.

O professor Machado lembra que Glauber Rocha escreveu em “O século do cinema” (pg. 50 51), que “Kazan,…, conseguiu transmitir, influenciado por Que Viva México, de Eisenstein, a paisagem mexicana com grande plasticidade. Mesmo negando o valor da revolução quando pretende provar que os chefes se corrompem quando atingem o poder, pôde, sob o ponto de vista cinematográfico, ser mais objetivo, mesmo intencional, mais vivo.”

O filme apresenta um ponto nebuloso sob o ponto de vista histórico quando Zapata aparece como dirigente político burocrata derrubando o general Huerta se transformando em presidente do México. Tal situação não aconteceu alerta o professor Figueiredo.

Fomos reconstituindo alguns episódios da história da Revolução mexicana admirando a bela fotografia do filme de Kazan.

Dessa forma, o processo revolucionário deve ser compreendido a partir da queda de Porfírio Díaz que ficou no poder durante um grande tempo (1877 a 1911), modernizando o país: avanços no campo da ciência, industrialização, livre comércio. Mas seu governo estava associado à Igreja Católica, aos grandes proprietários e especuladores. É a fase de grande concentração de terras, e a situação dos trabalhadores no campo é dramática. Ocorre também grande dependência do capital norte-americano.

Amplo descontentamento popular devido à corrupta classe dominante e seus associados no clero e governo provoca a eclosão de revoltas no campo e cidades (operários organizados em sindicatos anarquistas). É a Revolução de 1910, que contou com a participação ativa da mulher (a soldadera).

Elites políticas sob o comando de Francisco Madero (que não é tão débil como o filme procura demonstrar), tentam impedir o continuísmo político, através de um levante armado, que se transforma em revolta social, devido ao levante de camponeses liderados por Pancho Villa e Emiliano Zapata.

A figura de Zapata não é a de um simples índio analfabeto, que se transformou em liderança, como o filme acaba induzindo, mas era um homem politizado assessorado por anarquistas. No filme a figura de Fernando Aguirre (Joseph Wiseman) emissário de Madero, está mais para representante do comintern, que afirma que a máquina de escrever é a espada da mente e tece a seguinte consideração sobre os revolucionários zapatistas: isso tudo é muito desorganizado.

Em 1911 Madero vence eleições e vira presidente. Sob pressão de Zapata é elaborado o Plano Ayala onde é lançada à luta contra o governo de Madero e apresenta as reivindicações camponesas: reforma agrária no sul através de sistema coletivo de ocupação da terra com a participação do povo nas decisões (eleição de tribunais, etc.). Sob o lema “Terra e Liberdade” ocupa a Cidade do México por três vezes entre 1914 e 1915.

Em 1913 ocorre um golpe contra Madero, que foi fuzilado com o vice-presidente. Assume o general Huerta que ameaça os opositores.

Em 1914 encontro entre Zapata e Villa (no filme Allan Reed) em Xochimilco, levando a invasão da cidade do México. Em janeiro de 1915 a cidade do México é governada pelos representantes da Convenção, mas expulsos da cidade pelo general Obregón.

No estado de Morelos Zapata aplica a reforma agrária, redistribuindo as terras às aldeias indígenas e defende as fronteiras do estado até maio de 1916.

Os generais Victoriano Huerta e Venustiano Carranza, chegam ao poder e fracassaram na realização da reforma agrária.

No governo de Carranza é promulgada a nova constituição (1917), onde se estabelece a reforma agrária; protege os operários; garante o controle do Estado sobre o subsolo. Mas as reformas destroem o espírito revolucionário.

O filme omite a intervenção freqüente dos Estados Unidos no processo revolucionário, chegando a ocupar algumas regiões do México, como Vera Cruz para garantir seus interesses e deter o carro revolucionário.

Era preciso derrotar Zapata não só no campo militar, mas destruí-lo. Para isso entra em cena o Coronel Jesus Guajardo, enviado por Carranza, para eliminar Zapata através de um ardil fingindo estar passando para o lado de Zapata. O ardil leva a execução de Zapata em 1919.

Mas o espírito de luta prossegue, pois os camponeses no filme não acreditam na morte de Zapata, simbolizado pelo seu cavalo, livre que segue em direção às montanhas, embrião da resistência atual dos zapatistas do subcomandante Marcos.

Para encerrar ficamos contentes com a leitora da 16ª Sessão do Clube de Idéias, a Sra. Elisa Franca como mais uma entusiasta do tirar a roupa e descobrir o ócio.

Jáder Marcos Paes Correto da Rocha

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Imposto de renda – 18ª sessão do Clube de Idéias

DOMINGO, 5 DE ABRIL DE 2009

Imposto de renda – 18ª sessão do Clube de Idéias

Professores associados: Jáder, Machado, Vladimir, Teixeira, Figueiredo e Veloso.
“A sociedade é hoje o produto das ações dos indivíduos de ontem, assim o amanhã será espelho de nossas ações de hoje”.

Receita Federal uma história de cidadania

Mergulhamos na declaração do imposto de renda e não nos sentimos mais cidadãos, principalmente porque poucos dos associados irão restituir imposto. A nossa sina vai ser pagar, em suaves prestações (até oito) o imposto devido, apesar da nossa pequena renda.

O professor Figueiredo, que restitui imposto, concorda com o pensamento da Receita e vê como inevitável o seu pagamento, senão o país não funciona.

Você está parcialmente certo diz Vladimir, principalmente se os impostos fossem revertidos para ações sociais eficientes e não como cacife político para negociações entre o estado e a classe política. Sem contar que é obrigação constitucional do governo a prática da assistência social.

Neste aspecto veja a Suíça, diz o professor Machado. Se alguém é demitido recebe 80% do seu salário por 11 meses. Se não consegue arrumar emprego depois dos 11 meses, o estado garante o aluguel e paga o atendimento de saúde. E mais, ele passa a receber US$ 1 mil dólares por mês e uma bolsa para alimentação. Isso que é história de cidadania.

Atarantado com a declaração e com o valor que terá que pagar de imposto, por causa dos seus quatro empregos, o professor Veloso entra em transe passando a ter delírios glauberianos: Cortar cabeças num estado sem cabeças. Apontar fuzis. O prazer do poder, a solidão do poder. O Clamor do povo. Morte ao usurpador. Curar e depois morrer.

Enviamos as declarações de imposto e frustrados sentamos em silêncio. Abrimos uma garrafa de Serra Malte, acendemos um Jewels black gold e aguardamos o fim do dia.

Jáder Marcos Paes Correto da Rocha

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