“A história, em sua forma tradicional, empreendia ‘memorizar’ os monumentos… a história é o que transforma os documentos em monumentos, onde se decifravam traços deixados pelos homens, onde se tentava reconhecer em profundidade o que tinham sido, desdobra uma massa de elementos que se trata de isolar, de agrupar, de tornar pertinentes, de estabelecer relações, de constituir conjuntos.”
Michel Foucault. “Arqueologia do Saber”. Vozes, 1972, pg. 14
Arquivo mensal: abril 2015
O Rio
O Rio
(…)
Vira usinas comer
as terras que iam encontrando;
com grandes canaviais
todas as várzeas ocupando.
O canavial é a boca
com que primeiro vão devorando
matas e capoeiras,
pastos e cercados;
com que devoram a terra
onde um homem plantou seu roçado;
depois os poucos metros
onde ele plantou sua casa;
depois o pouco espaço
de que precisa um homem sentado;
depois os sete palmos
onde ele vai ser enterrado.
(…)
João Cabral de Melo Neto
Brasil de todos os pecados
“Alguns diziam que tinham mesmo que fornicar neste mundo, pois o diabo haveria certamente de fornicá-los no Além, sendo necessário compensar de antemão.”
Ronaldo Vainfas. “Brasil de todos os pecados”. in Nossa História 1(1):12, novembro de 2003