“Assim, pois, acontecimentos notavelmente análogos, que, no entanto, ocorrem em meios históricos diferentes, conduzem a resultados totalmente distintos.
Estudando em separado cada uma dessas formas de evolução e comparando-as depois, pode-se encontrar facilmente a chave do fenômeno, porém nunca se chegará a isso mediante o passaporte universal de uma teoria histórico-filosófica geral, cuja suprema virtude consiste em ser supra-histórica”
Karl Marx. Citado por Jacob Gorender in ”O Escravismo colonial” . São Paulo, Ática, 1978, pg. 28
Arquivo mensal: dezembro 2016
Noam Chomsky
“Ao longo desses quase 200 anos, nós, os Estados Unidos, expulsamos ou exterminamos a população nativa – muitos milhões de pessoas -, conquistamos metade do México, provocamos depredações por toda a região, no Caribe e na América Central – às vezes mais longe ainda – e conquistamos o Havaí e as Filipinas (matando mais de 100 mil filipinos no processo ). Desde a Segunda Guerra , o país estendeu seu alcance ao redor do mundo de maneiras que não preciso descrever. Mas sempre envolveram matar alguém . Sempre envolveram lutar em algum outro lugar. Sempre foram outros os massacrados . Nunca aqui . Nunca o território nacional.”
Noam Chomsky. “A nova guerra contra o terror” in Revista de Estudos Avançados, 16 (44): 9 , jan/abr 2002
Michel Foucault
“A filosofia é o movimento pelo qual nos libertamos –… – daquilo que passa por verdadeiro, a fim de buscar outras regras do jogo. A filosofia é o deslocamento e a transformação das molduras de pensamento, a modificação dos valores estabelecidos, e todo o trabalho que se faz para pensar diversamente, para fazer diversamente, para tornar-se outro do que se é.”
Michel Foucault. “O filósofo mascarado”. in Entrevista (6/4/1980)
AI-5
“A Castelo Branco a ditadura parecera um mal. Para Costa e Silva, fora uma conveniência. Para Médici, um fator neutro, instrumento de ação burocrática, fonte de poder e depósito de força. Não só se orgulhou de ter namorado o AI-5 desde antes de sua edição, como sempre viu nele um verdadeiro elixir: ‘Eu posso. Eu tenho o AI-5 nas mãos e, com ele, posso tudo’, disse certa vez a um de seus ministros.”
Elio Gaspari. “A ditadura Escancarada”. São Paulo, Cia das Letras, 2002, pg. 129-130
“convenção coletiva”
A”convenção coletiva” proposta pelo governo para regular salários e direitos é uma farsa
“…uma universidade que despreza o pensamento e o ensino.”.
“O primeiro momento da destruição (da universidade), ainda sob a ditadura, deu-se com a imposição da ‘universidade funcional’, oferecida às classes médias para compensá-las pelo apoio à ditadura, oferecendo-lhes a esperança de rápida ascensão social por meio dos diplomas universitários. Foi a universidade da massificação e do adestramento rápido de quadros para o mercado das empresas privadas instaladas com o ‘milagre econômico’. A partir dos anos de 1990, sob os efeitos do neoliberalismo, deu-se a nova fase destrutiva com a implantação da ‘universidade operacional’, isto é, o desaparecimento da universidade como instituição social destinada à formação e à pesquisa, surgindo em seu lugar uma organização social duplamente privatizada: de um lado, porque a serviço das empresas privadas é guiada pela lógica do mercado; de outro, porque seu modelo é a empresa privada, levando-a a viver uma vida puramente endógena , voltada para si mesma como aparelho burocrático de gestão, fragmentada internamente e fragmentando a docência e a pesquisa. Essa universidade introduziu a idéia fantasmagórica de ‘produtividade acadêmica’, avaliada segundo critérios quantitativos e das necessidades do mercado. Essa imagem da produção universitária tem sido uma das causas de sua degradação interna e de sua desmoralização externa, pois é uma universidade que despreza o pensamento e o ensino.”
Marilena Chauí. “A Filosofia como vocação para a liberdade”. in Estudos Avançados . São Paulo: IEA, 17(49): 12, 2003.
“A Jangada de pedra”
“… os governos só são capazes e eficazes nos momentos em que não haja razões fortes para exigir tudo da sua eficácia e capacidade.”
José Saramago. “A Jangada de pedra”. São Paulo, Cia das Letras , 1995, pg. 200
José Saramago . (1997)
“Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o
ar … E, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos.”
José Saramago . (1997)
Maurício Tragtenberg
“A servidão em toda a sua plenitude durou mais na Rússia que nos países ocidentais , porque seus inconvenientes econômicos apareciam menos que suas vantagens ; porque o aumento da povoação não trouxe uma escassez de terras suficientemente aguda para os camponeses , até a primeira metade do século XIX; porque a reação contra a Revolução Francesa fortaleceu a inércia, no que diz respeito a qualquer instituição tradicional, e, finalmente, porque a servidão não só era a base econômica dos proprietários de servos mas sim a base fundamental do Estado russo .
Maurício Tragtenberg. “Evolução histórica da Rússia à revolução soviética” in Apresentação de Nestor Makhno . “A Revolução contra a Revolução” . São Paulo, Cortez, 1988, pg. 18 e 19
“heilig”
“A Concepção germânica de realeza é de origem indo-européia. O rei é um personagem sagrado, “heilig” , e portanto sacerdote e mago . Como sacerdote tem ele a função de servir de intermediário entre seu povo e os deuses . Como mago, conhece as fórmulas , os signos pelos quais o iniciado tem poder sobre a natureza , a vida , os homens e o próprio destino . Seu poder político deriva da eficácia de seu poder oculto. O sangue , todo o direito real, tem sua base exotérica nesta palavra “heilig”.
Maurício Tragtenberg. “Evolução histórica da Rússia à revolução soviética” in Apresentação de Nestor Makhno . “A Revolução contra a Revolução” . São Paulo, Cortez, 1988, pg. 14