Tristão de Athayde

“Nietzsche , como se sabe, considerava o ressentimento como sendo uma das maiores forças psicológicas da história. Esse ressentimento da alta e mesmo da média burguesia, contra o populismo emergente depois de 1930, é que ia ser a força imanente e propulsora do êxito do movimento de 1964, enquanto a força intencional desse movimento ia ser a geopolítica golberiana.”
Tristão de Athayde. “A estrela cadente” in Folha de S. Paulo, 14/08/1981, pg. 3.

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Edgar Allan Poe.

“Morrerei- disse-me -, devo morrer desta deplorável loucura. Assim, assim, e não de outra maneira, é como devo morrer. Aterram-me os acontecimentos futuros, não por si próprios, mas pelos seus resultados. Tremo ao pensar mesmo no mais trivial incidente, pelo efeito que possa ter sobre esta intolerável agitação de minha alma. Não receio, efetivamente, o perigo, exceto em seu efeito absoluto: o terror. Neste estado de excitação… nesta lamentável condição… sinto que chegará logo o momento em que deverei abandonar, ao mesmo tempo, a vida e a razão, em alguma luta com o horrendo fantasma: o medo.”
Edgar Allan Poe. “Histórias Extraordinárias”. São Paulo: Abril, 1981, pg. 13.

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. oceano.

Non Satiata

. seja corajosa, coração selvagem
vaguei pela lama
pelo verme, seja o verme
sob a pele, na garganta
que voa na noite
dentro do grito
na tempestade uivante
entre os dentes
a febre
no meio das pernas.

não tenha medo de ser partida
das cicatrizes.
somos uma invenção
e já construímos um lugar obscuro

a ferocidade nos esperam no subsolo
do ralo da vida
e eu as derreto como quem expõe ossos, carvão.

pêndulos nos consomem
num silêncio aceso
sobre uma ponte
mastigando um coração
uma pedra
uma vida inteira.

passo um,
passo dois:
nada mudou
estamos perdidos
a falta da falta
irá nos matar.

um fiel punhal e,
logo abaixo, sangue.

dentro do querer
descobri formidáveis espaços:
que nunca ocuparemos.
o poema da vida
a chaga na carne irreparável
dentro das coisas frágeis,
o oceano:
mergulho,
rasgada.

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1938 brigadas internacionais Espanha

1938 brigadas internacionais Espanha

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Poema da morte (Sobre a prisão de Guantánamo )

Poema da morte (Sobre a prisão de Guantánamo )
Jumah al Dossari

Tome meu sangue
Tome minha mortalha e
Os restos de meu corpo.
Tire fotografias de meu cadáver no túmulo,
solitário.
Mostre-os ao mundo,
Aos juízes e
Às pessoas de consciência,
Mostre-os aos homens de princípio e os
justos
E deixe-os sentir o peso da culpa diante
do mundo,
Dessa alma inocente.
Deixe-os sentir o peso diante de suas
crianças e diante da história
Desta alma estragada, sem pecados,
Desta alma que sofreu nas mãos
dos ‘protetores da paz’.

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