
Arquivo mensal: fevereiro 2022
Hannah Arendt
“A privação fundamental dos direitos humanos manifesta-se, primeiro e acima de tudo, na privação de um lugar no mundo que torne a opinião significativa e a ação eficaz. Algo mais fundamental do que a liberdade e a justiça, que são os direitos do cidadão, está em jogo quando deixa de ser natural que um homem pertença à comunidade em que nasceu, e quando o não pertencer a ela não é um ato da sua livre escolha, ou quando está numa situação em que, a não ser que cometa um crime, receberá um tratamento independente do que ele faça ou deixe de fazer. (…) São privados não do seu direito à liberdade, mas do direito à ação; não do direito de pensarem o que quiserem, mas do direito de opinarem.”
Hannah Arendt. “As Origens do totalitarismo, II: Imperialismo, a expansão do poder.” Rio de Janeiro: Documentário, 1976, pg. 237.
20 de fevereiro
20/02/1777: Força naval espanhola chegou à enseada de Canasvieiras, em Florianópolis, e invadiu a Ilha de Santa Catarina, forçando a retirada das autoridades e parte das tropas para o lado do continente. A capitulação das tropas portuguesas aconteceu de forma humilhante, com a fuga de uns e o embarque de outros em direção ao Rio de Janeiro. O objetivo de dominar a Ilha evidenciou-se com a presença de inúmeros sacerdotes que, acompanhando a expedição, distribuíram-se pelas freguesias da Ilha. Ainda no mesmo ano, Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Santo Ildefonso e, pelas cláusulas do contrato, Portugal recebeu de volta a Ilha de Santa Catarina e ficou com quase todo o atual Estado do Rio Grande do Sul – a Espanha recebeu a Colônia do Sacramento e o território das Missões. Com respeito à Ilha, o governo português se comprometia a não utilizá-la como base naval nem por embarcações de guerra ou de comércio estrangeiros.
Oswald de Andrade
3 de Maio
Aprendi com meu filho de dez anos
Que a poesia é a descoberta
Das coisas que eu nunca vi
Oswald de Andrade . “Poesias Reunidas”
Jean Ziegler.
“O direito à alimentação se cumpre de duas maneiras: pelo acesso à terra, produzindo para si mesmo, ou comprando alimentos. Se alguém não tiver acesso, deve ter renda para comprar. No Brasil, nenhum dos critérios funciona. A maioria dos homens do campo não tem acesso a formas de poder produzir para sua subsistência, e o homem urbano não tem, muitas vezes, a renda necessária para comprar os alimentos. Para grupos vulneráveis, excluídos, não existe uma política estatal, pública, uma política social. Essa é a situação típica no Brasil.”
Jean Ziegler. “O direito de comer” in Caros Amigos VI (62): 34, maio 2002
Modigliani
“os nus ‘não-académicos’ de Modigliani constituem um caso de algum modo distinto. Embora também possamos empregar as palavras luxúria, calma e sensualidade para os descrever, em termos formais, os nus de Modigliani estão muito mais estreitamente associados às tradições da história da arte do que os dos seus contemporâneos franceses e alemães. Quando mais não fosse pela sua técnica, mas também pela composição, os seus nus denunciam uma clara influência dos mestres do Renascimento italiano, …”
Doris Krystof. “Modigliani”. Lisboa: Taschen, 1997, pg. 67.